O álbum Rozita, de 2005, é negro e morto, arrastado; sombrio demais para um artista cuja música, normalmente, é viva e alegre. E é longo também, com as músicas mais longas de Alberto Mucheca. Dos compositores mais prolíferos e interessantes da Música Moçambicana. E um dos mais originais e facilmente identificáveis guitarristas moçambicanos.
Simultaneamente, é o álbum mais pessoal e dolorido. Rozita é o nome de uma das suas irmãs que ajudou na sua criação. A música “Mariani” conta uma travessura amorosa sua. “Aninamamani” é uma introspecção e lamento das misérias de sua vida com inclinação religiosa. “Salomao” é uma obra-prima, e uma das músicas mais dançáveis do álbum – a outra é “Mabunda” –, de agradecimento a um amigo, pela amizade entre outras coisas. E “Bebeti” é outra obra-prima, esta um consolo para a perda de ente queridos, com uma elegia emocionante de Sara José Machava, no final, dedicada ao filho.
A Marrabenta de Alberto Mucheca é inconfundível, constantemente apelando mais ao corpo do que à mente. Aliás, a originalidade de Mucheca é tão forte que acaba sendo o único artista cujo envolvimento com a J&B não comprometeu o seu som.
Para este álbum que, sonoramente, é mais morto do que outra coisa, Mucheca ainda discursa e fala em praticamente todas as músicas – à moda Xidiminguana. O torna o álbum chato e difícil de se atravessar.
Contudo, no final do mesmo, uma coisa fica clara: Rozita é uma obra-prima da Música Ligeira Moçambicana!